4.º DOMINGO de PÁSCOA
“DOU-LHES A VIDA ETERNA”
O Ressuscitado convida a uma relação pessoal, sob a imagem do pastor e das ovelhas, na qual o exemplo maior vem do pastor. O breve trecho proposto para este ano litúrgico (Ano C) destaca o conhecimento mútuo que se apoia na também profunda relação entre o Filho (Jesus Cristo) e o Pai (Deus). Dela brota uma dádiva e uma promessa: «Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer».
A vida eterna não pode ser entendida em chave cronológica, como se fosse uma realidade apenas futura ou que remete para um suposto tempo sem termo. A eternidade não se aplica a uma medida de tempo (sem medida), é uma qualidade de Deus, pelo que a vida eterna é participar de Deus, ser envolvido pelo ser de Deus, o Amor.
São Gregório Magno fala do «rosto de Deus, sempre presente: e quando o contemplamos sem interrução, a alma fica saciada com o alimento da vida». E exorta: «Que a nossa fé sinta o calor daquilo em que acreditamos, que os bens do alto incendeiem os nossos desejos. Amar assim é já estar a caminho», é já saborear hoje a vida eterna.
Na Carta Encíclica sobre a esperança cristã, Bento XVI explica: «a única possibilidade que temos é procurar sair, com o pensamento, da temporalidade de que somos prisioneiros e, de alguma forma, conjeturar que a eternidade não seja uma sucessão contínua de dias do calendário, mas algo parecido com o instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade. Seria o instante de mergulhar no oceano do amor infinito, no qual o tempo – o antes e o depois – já não existe».